08:30 - Despertar, normalmente por entupimento da canalização nasal, que me punha a espirrar que nem uma Maria Madalena com alergias...
08:31 - Início do pequeno almoço
08:36 - Ligo a televisão para tentar ver as primeiras notícias do dia. Infelizmente, o país está a arder, e a notícia é sobre incêndios
08:37 - Início da primeira prelecção do dia, por parte do meu primo, que é advogado, e só por esse facto, tem a mania que sabe de todos os assuntos. Desta vez, o tema, invariável ano após ano, é a limpeza das matas...
08:45 - Fim do pequeno almoço.
08:46 - Tento arranjar paciência para sair.
09:01 - Arranjar paciência para sair é difícil. Peço auxílio telefónico a Lisboa via radiofrequências. (Nome pseudointelectual para telemóvel)
09:46 - Acabo de arranjar paciência para sair
09:47 - Visto os calções, calço os chinelos, pego na toalha e no livro do momento e no protector solar.
09:48 - Fecho a casa, "por causa dos assaltos, nunca se sabe", e ponho-me a caminho da praia.
09:55 - Fim da prelecção do meu primo. O meu primo compra o jornal, e inicia uma nova prelecção sobre a mais recente nomeação do Sócrates para o governo.
10:08 - Chego à praia, depois de percorrer os
10:09 - Procuro um síprimo e estendo-me ao sol.
10:45 - Depois de meia hora a falar por monossílabos, digo ao meu primo que vou à àgua. Esgueiro-me o mais subrepticiamente possível. O meu primo, qual bomba inteligente dos americanos (digo, dos russos, porque ele é um comunista não assumido...), procura e selecciona outro alvo. Fim da prelecção sobre a nomeação do Sócrates.
10:46 - Inicio tentativa de entrada nas águas amenas do Oceano Atlântico.
10:52 - A muito custo, consigo habituar-me à ideia de molhar os pés
10:57 - Consigo que a água me chegue aos joelhos. (Ai, o meu reumático!)
11:02 - O nível de água ultrapassa o "ponto crítico". Não é desta que a segurança social poupará, de futuro, nas prestações de abono de família
11:07 - Mergulho.
11:08 - Tento ensaiar um ou dois movimentos de natação, afastando para o lado as algas (que sempre posso recolher, se me dedicar à macrobiótica...)
11:10 - O nadador-salvador apita freneticamente. Das duas uma: ou queria ser árbitro de futebol em pequeno e não conseguiu, ou pensa que eu me estou a afogar...
11:11 - Afastei-me
11:12 - Face à intimidação do nadador salvador, decido ir para a toalha. Entretanto, descubro que o outro alvo abandonou o meu primo, seleccionando este um transeunte... ("Você é concorrente, venha jogar!")
11:15 - O transeunte farta-se do meu primo. O meu primo decide estabelecer comunicação com uma rocha.
11:20 - A rocha manda o meu primo à baía dos fusos... O meu primo decide procurar novo alvo e encontra-me a mim, mesmo a jeito!!!
11:21 - À primeira frase do meu tio, digo-lhe que "A culpa dos furacões é do Bush". Dou por mim a fugir, com os chinelos na mão (já lá dizia o provérbio chinês: antes com os chinelos na mão do que com as calças na mão...)
11:25 - Sou atropelado por um tractor de um homem que andava a lavrar o campo, por um cilindro das estradas, pela banda da Sociedade Filarmónica e Recreativa 1 de Maio de 1856, por uma manifestação de funcionários da EMEL e pela Monserrat Caballé, que, indiferente a tudo e a todos, críticos incluídos, canta o "Apita o Combóio", com uma voz que faz lembrar Zé Cabra nos seus melhores dias..
Acordo estremunhado por uma nota mais desafinada saída do baile que está a ter lugar a uns quinhentos metros de distância. Olho para o relógio. São três e meia da manhã. Viro a cabeça para o lado, resmungando, bêbado de sono, que um dia destes chamarei a GNR... ou, na pior das hipóteses, os mesmos funcionários da EMEL que me atropelaram.
PS - Estou de volta à civilização!!! :D
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