Nem por acaso, no dia a seguir a escrever o post anterior, um maestro veio lá ao serviço falar sobre um projecto de música em hospitais.
O projecto é muito simples... Consiste na interacção, por parte de um músico treinado para tal, com crianças doentes, apenas com música, estimulando a criatividade e a comunicação por parte das mesmas.
Foi assim que me lembrei daquilo que sinto quando oiço ou quando toco um qualquer instrumento (nem que seja ferrinhos).
Para mim, a Música serve para exprimir aquilo que não se consegue exprimir por palavras... Mais do que sentimentos, mais do que emoções...
Consegue fazer a magia de aproximar povos e culturas, de unir um grupo de pessoas em torno de um mesmo fim (nem que seja uns milhões de pessoas em torno de "11 homens em cuecas que correm atrás de uma bola para ganhar a vida"), de unir uma humanidade inteira...
Em mim, como já se viu, a música tem um efeito completamente terapêutico...
Recordo, neste momento, que o meu piano foi, em tempos, o meu melhor amigo... o único ser a quem eu podia contar algo, e que não fazia juizos de valor sobre o que eu lhe contava...
Naquela altura, eu estava bastante mais desprotegido quanto aos juízos de valor feitos por outrém...
Neste momento, importo-me menos com esses juízos de valor. Não, ainda não atingi a perfeição nesse ponto, que é não me importar absolutamente nada com o que os outros possam pensar... No entanto, gostava de a atingir... (Isto é que é falar à José Mourinho...)
A perfeição... Porque é que temos de ser perfeitos?
Aqui, neste nosso cantinho que é o Ocidente, temos de ser os melhores em tudo, e começa logo desde que somos crianças: o aluno ideal, e depois o profissional ideal, o membro-do-grupo-seja-ele-qual-for-em-que-nos-inserimos ideal, o amigo ideal, o marido ideal, o amante ideal, o pai ideal, o homem do "social"...
Será que não nos contentamos em ser nós próprios? Será que a sociedade não se contenta em que nós sejamos nós próprios?
Ficou-me na cabeça uma frase de um filme que vi hoje: ("[No Tibete] nós honramos muito mais o homem que perde o seu ego, do que o que tem muito dinheiro, ou muitas honrarias" - Sete anos no Tibete)
Aqui e agora, tenho de dar a mão à palmatória, pôr a mão na consciência, e fazer um mea culpa pelas vezes em que exigi demais a mim próprio e, sobretudo aos outros... Os visados/as que me perdoem... mas sabem qual é o problema? É que eu reconheço isto tudo, mas depois, por mais que tente, não consigo aplicar...
Ok, acho que já falei muito hoje... (Isto é lamechice demais... qualquer dia vendo os direitos ao Moita Flores e ele escreve uma telenovela...)
2004/09/26
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