2007/12/18

Massagem de Natal

O presidente da Associação Ajudar a Fátima Felgueiras, o vice-presidente da Associação Libertem o Willy, a Maddie ou um Activista Qualquer Que Está No Corredor Da Morte De Uma Prisão Americana de Alta Segurança, o Embaixador para a Cultura, para as Boas Práticas na Cozinha e para a Prostatite Aguda nas Mulheres da ONU, a União dos Bombeiros da Antárctida e o partido do Tacho agradecem a dádiva de um cêntimo na compra de cada Ferrari, com o logótipo da Popota, vendido em Portugal, no Brasil e nos PALOPS.

Sabemos que tal importância reverterá, sem dúvida, para fazer a alegria de muitas famílias, depois de deduzidos os respectivos impostos.


A todas as pessoas que fazem parte da minha vida, (e também às que não fazem,e às que não querem fazer e que gramam com este berlogue na mesma)

Desejos de Feliz Natal e Próspero Ano Novo

(Para os estrangeiros, Mary Craistmas ande a Hépe Niu Iare)

Iceteaaddict


2007/12/08

2007/11/20

Espaço publicitário

Hoje decidi fazer publicidade a um novo princípio activo, que se espera estar em breve disponível no mercado português.
A companhia farmacêutica responsável convidou os srs. Profs. Adam Kay e Suman Biswas para nos falarem um pouco da mesma... Aqui vai o vídeo da comunicação, de apurado conteúdo científico...

2007/11/15

Pergunta do dia

O que é feito das bombocas?!?!

2007/11/12

A minha vizinhança

Hoje, porque um homem é ele próprio e a sua circunstância, decidi falar-vos da minha vizinhança.
A pedido de várias famílias, e a fim de aumentar a afluência do berlogue sem registar no gugle nem no yaú nem no altavespa nem em outras coisas do demo como essas (nem sequer o sopapo...), vou começar por vos falar de uma menina muito simpática: a minha vizinha de baixo, a Ritinha.



Esta foto foi tirada pelo o Adilson.
O Adilson é um brasileiro de Pernambuco que veio trabalhar para cá, para uma empresa de cobranças. Faz coisas chatas, como cobrar contas da electricidade, dos telefones, do jogo ilegal, e afins... A foto acima foi tirada por ele, no pleno exercício da sua profissão. Note-se o ar de afronta da moça, coitada, depois de o Adilson lhe ter dito - contou-me ele a mim... - que tinha uma conta de cem euros da EDP para pagar...



Aqui aos oito anos, na praia de Alfornelos. Reparem no cabelinho molhado que parece moreno... Mas não é, é loiro e está molhado.
Se quiserem fazer um close-up na zona nadegueira (eu não fiz, porque sou religioso e não faço essas coisas...), podem ver as impressões digitais do tio Orestes, que, por a menina se ter portado mal, lhe deu - dizem... - tau-tau. O que é curioso é que o tio, por qualquer pretexto, dava tau-tau na menina. Era muito violento, o tio Orestes.





Aos 35 anos, na louca adolescência, após ter pensado que as pastilhas Calgonit eram para mascar...



Mais recentemente, a limpar o pó lá por casa... Esta fotografia foi tirada pela mulher a dias, uma ucraniana chamada Antonyeta Tereshkova, que, ao que parece, se tornou grande amiga da Ritinha.




Mas, porém todavia contudo, a Ritinha nem sempre foi assim, saudável.
Temos aqui o seu retrato com um ano de idade.




Nasceu com uma grave enfermidade, que lhe valeu quase quatro anos em operações.
A doença em questão chama-se "Binite Alérgica".
O seu quadro clínico à nascença era de tal forma exuberante que lhe valeu o olhar de alegria do irmão mais velho, o Tony.


Desde o nascimento, aliás, que a tragédia afectou a família... Consta que o pai, Heraclito de Menezes, bateu com a cabeça. Em consequência, começou a comer espinafres que nem uma frieira, a fumar cachimbo, e desatou a chamar Olívia a um pau de vassoura que tinha lá por casa.



Tolhido pelo desgosto, começou a desprezar a mãe, exigindo o divórcio.
A mãe tinha uma esbelta figura, de tal forma que, na provecta idade de 65 anos, contra todas as expectativas, ganhou o primeiro concurso internacional de sósias da Meriline Morroue de Vale da Burra...



Para terminar, por hoje, deixem-me que apresente os habitantes do apartamento ao lado. São todos sobrinhos do sr. Padre Vasques, que é o padre lá da paróquia. Aliás, devo dizer que as parecenças físicas entre eles são evidentes.




Mas permitam-me que corrija... Eram sobrinhos, porque um dos do meio, o Hassan (em baixo, o segundo a contar da direita), resolveu apanhar o vício de ser bombista suicida, mesmo perante os protestos dos irmãos. Estou mesmo a ouvi-los dizer:
- "Hassan, filho, vai antes para canalizador, como o teu tio, que antes de ir para padre o negócio até lhe estava a correr bem..."

E pronto, por agora é tudo... (esta coisa do Hassan deixou-me demasiado sensibilizado para continuar...)

2007/11/09

Show must go on

A falta de tempo sequer para me coçar tem-me impedido de continuar a produzir textos para este espaço que opera sob a forma de tertúlia politico-filosófica de inspiração pós-modernista, que versa o Homem no seu meio biopsicossocial, mas que, como todos os espaços que operam sob a forma de tertúlias politico-filosóficas de inspiração pós-modernista não é dotado de personalidade jurídica.

Desde que este berlogue nasceu, devo dizer que mudei. Mudei muito. Mudei radicalmente.
(Agora chamo-me Cátia Vanessa... - desculpem, apeteceu-me!)
Vi de tudo... Passei por algumas desventuras mas também tive outras tantas alegrias. Perdi a inocência. Amadureci. (o que não me torna necessariamente maduro-produto acabado, nem me tira o sentido de humor.)


O berlogue, ele mesmo, também mudou. De um formato pseudo-intelectualóide com cheiro a cantiga de intervenção, adoptou um estilo mais descontraído. Tenho a consciência tranquila quanto ao facto de nunca o ter utilizado como arma de arremesso contra quem quer que fosse, a não ser contra o sacana do árbitro que prejudicou o Benfica no Domingo passado...

O self disclosure nunca ultrapassou os limites aceitáveis...

(Já agora, já vos falei da próxima embalagem de papel higiénico que vou comprar? É que não sei se há de ser com desenhos de ursinhos ou com desenhos de flores... É certo que as flores são um bocado amaricadas... O que acham? Já agora, de folha simples ou folha dupla?)

By the way, a utilização de expressões estrangeiras também não. A Associação Portuguesa de Pseudo-Intelectuais cotou este berlogue como "um exemplo da língua de Eça de Queirós, que como bom sportsman, nunca utiliza essa língua hedionda que é o inglês..."

A descontracção também tocou os posts, no início regulares, quase bissemanais, e depois, abraçando a teoria do caos, com uma irregularidade matemática...

Todo este discurso parece um discurso de enterro. Mas não o é. É um discurso de balanço.

Vou continuar a escrever, nem que seja de ano a ano. Aqui ou noutro sítio qualquer, incluindo os processos da minha consulta.
Vou continuar a escrever, porque este berlogue faz parte de mim e vai continuar vivo.
Só peço que não me exijam regularidade. Porque este berlogue nunca foi nem é uma obrigação. Nem uma forma de manipular quem quer que seja. Nem uma forma de auto-promoção. Nem uma catapulta para o estrelato. Nem a porta para a figuração numa novela da TVI.

Acho que já perceberam o discurso.
Já agora, obrigado por terem vindo aqui e terem disponibilizado algum do vosso tempo a ler estas linhas. Voltem sempre. Serão sempre bem-vindos.

Para aqueles de vós que ainda se interrogam se isto será um ponto final, o Assessor de Imprensa do Primeiro Ministro informa que não, e aproveita também para dizer que, por falar nisso, os impostos vão aumentar...

Show must go on.


PS - Isto é que foram umas férias...

2007/06/05

A decisão

Depois de muitas peripécias e de duas ou três mudanças de visual, estou a ponderar tomar uma ou mais das seguintes opções:


  1. colocar umas reticências aqui no berlogue
  2. tirar umas férias nas berlengas
  3. ser pai pela terceira vez em três meses.
  4. lançar um cedê a solo intitulado "Eu e o meu camião"
  5. ir jogar berlinde para o Real Madrid
  6. criar um berlogue novo para postar a minha vida toda, incluindo os pormenores da operação às hemorróidas e o minha descoberta do novo sabor de iogurtes da danone
  7. ser pai de propósito para criar um berlogue novo para postar nele a vida toda do meu filho/a
  8. tornar-me numa prostituta de propósito para criar um berlogue e depois escrever um livro...
  9. criar um berlogue para mandar mensagens mais ou menos subliminares a todas as pessoas que me rodeiam: vizinhos, amigos, amantes ucranianas e brasileiras, chefes, patrões, e o que quer que se possa imaginar...
  10. tornar-me num cereal killer e dedicar-me à ceifa do trigo... (esta piada é patrocinada pela Quercus)... e criar um berlogue sobre isso.


Seja qual for a decisão, obrigado pelo apoio de quem me leu... e pelas mudanças que, à vossa conta, aconteceram na minha vida... obrigado por estarem comigo nas horas boas, más e assim-assim... obrigado pelos comentários, pelas palavras de ânimo e conforto, e pela vossa oferta de bolo-rei no Natal...

E... não se esqueçam de ligar para o 708 402501/.../10 para assinalar a vossa opinião.


PS - A decisão vai ter lugar depois de umas férias...

2007/05/20

Como despachar um encalhado

Jovem:

estás a ser assediado/a sexualmente por uma enfermeira ninfomaníaca quarentona ou um cinquentão com satiríase?

o teu melhor amigo/a está desesperadamente a pedir-te uma noite de sexo selvagem?

o homem que está a recolocar os tubos do gás natural, entre dois arrotos e uma palitadela nos dentes, convida-te para sair?

uma mulher com look Lili-Caneças-like não te larga a porta do escritório?



Não desesperes...



Aqui vão algumas dicas para, de forma assertiva (isto é, sem lhe dares dois estalos ou duas bofetadas no focinho) lhe dizeres que não...


  1. Diz-lhe que desenvolveste uma paixão por pessoas do sexo exactamente oposto à pessoa que estás a tentar assediar.
  2. Se a pessoa em questão for bissexual, diz-lhe que desenvolveste uma paixão por animais.
  3. Diz que a partir do presente momento, te tornaste num(a) fundamentalista de uma religião qualquer. (Não interessa a religião, o que interessa é que sejas fundamentalista)
  4. Diz-lhe directamente "desculpa lá, mas eu prefiro homens/mulheres com mais 35 anos que tu e bigode à Freddie Mercury"
  5. Obriga-o/a a tomar, como parte integrante do ritual de corte, o visionamento de meia dúzia de dvd's do Roberto Leal e outra meia dúzia do José Hermano Saraiva
  6. Diz-lhe que alguém que é teu irmão/irmã é alto(a), forte, corre muito e tem uma caçadeira.
  7. Fala-lhe da tua admiração incontornável pelas viúvas negras.
  8. Lê-lhe a lista telefónica de Lisboa Cidade até que ele/ela se vá embora
  9. Lê-lhe o livro de anedotas do António Sala.
  10. Faz um discurso de sete horas sobre a implicação da cientologia moderna no crescimento das espécies vegetais.
  11. Se o/a conheceres pela internet, procura uma fotografia no uglypeople.com e envia como sendo tua.
  12. Arranja um manual de cirurgia e explica-lhe minuciosamente todas as cirurgias que encontres na secção de cirurgias ano-rectais e diz-lhe como as gostarias de efectuar todas no homem/mulher da tua vida.
  13. Tatua na tua barriga "Ai lave Seitan" e diz-lhe que gostas do demo. (Se ele ou ela for satânico/a, pergunta-lhe se já rezou o terço hoje...)

2007/03/11

Adivinha do berlogue

Hoje, para superarem o tédio de várias semanas sem berlogar, proponho uma questão. O nível é intermédio (nem fácil, nem difícil...)

Mas creio que é possível chegar lá...

Qual é a cirurgia, qual é ela, que é estética e é terapêutica, mas não é feita pela cirurgia plástica?

(Não vale nada relacionado com varizes... ainda não cheguei a essa fase... nem nada que seja do domínio da urologia... ;))

PS - 12 km de caminhada na Tapada de Mafra deixam-me sem vontade de fazer o que quer que seja... incluindo berlogar... com uma honrosa excepção!

2007/02/14

Como estragar um dia de romantismo...

Você declarou-se ao amor da sua vida no meio de uma discoteca. Refeito do sempre romântico "O quê?!" que recebe de resposta, lá consegue, à trigésima primeira tentativa, que ele ou ela chore de alegria, o abrace, e lhe dê um beijo ao som da última música de martelos da moda...

No entanto, não rejubile demais... Todos os anos, tem uma prova com o mesmo discreto grau de dificuldade de um confronto de titãs... Há quem lhe chame Dia de São Valentim... O tio Belmiro de Azevedo e as floristas do mercado da Ribeira chamam-lhe "dia do Lucro Fácil"...

Aqui ficam algumas dicas para quem está absolutamente farto do dia 14 de Fevereiro...
  1. Quando a sua cara-metade lhe perguntar "Onde é que vamos passar a noite no Dia dos Namorados?" acene-lhe com um programa maravilha de um jantar no drive-in do Mcdonald's e reservas para uma noite no parque de campismo da Costa da Caparica.
  2. Trate constantemente o seu/sua pombinho/a com diminutivos: "minha kiduxinha lindinha fofinha feiinha tortinha desdentadinha pequenininha baixinha..."
  3. Se o/a seu/sua companheiro/a preparar um jantar à luz das velas para si, comente em altos berros: "Porra, isto parece um velório... Quem é que morreu?".
  4. No meio do jantar romântico peça para ligar a televisão para ver os Morangos com Açúcar.
  5. Se ele ou ela lhe começar a dizer coisas ternas ao ouvido, zangue-se: "Cala-te, deixa ouvir a telenovela!". (Futebol também serve...)
  6. Se ela ou ele o/a começar a beijar freneticamente, dê-lhe um berro: "Não és transparente, ouviste?"
  7. Se ela, no meio do calor provocado pela sua presença, começar a fazer strip-tease à sua frente (nem que seja com a música dos Morangos com Açucar), diga em alto e bom som: "A nancy do Elefante Branco tem uns airbags maiores...". Se for um rapaz a fazê-lo, comece a apontar para baixo e faça um riso histérico.
  8. Faça amor ao som do "Aguenta-te com esta" do sr. Toy. Alternativas viáveis incluem: "Chupa no dedo", "Nós Pimba", todas as músicas do sr. Quim Barreiros
  9. De 30 em 30 segundos, pergunte: "Porra, falta muito para teres um orgasmozinho?"
  10. Quando no fim lhe perguntarem "Gostaste?", responda com ar convicto: "Sinceramente, já tive melhor que tu...Prefiro o padre da minha paróquia... " (Esta última frase tem ainda maior impacto se você for um rapaz...)
PS - Eu tinha o enguiço de, sempre que ia ver futebol ao vivo, o clube pelo qual eu torcia empatava ou perdia... Esse enguiço foi quebrado hoje!!! (E viva o Benfica!!!)

PS 2 - Já agora, conhecem sítio e altura mais estupidamente românticos (ou romanticamente estupidos) para fazer um pedido de casamento do que o estádio da Luz, no dia 14 de Fevereiro? Só faltava mesmo que esse pedido fosse feito em fato de treino ao som do "Qual é o melhor dia p'ra casar, sem sofrer nenhum desgosto..." :P

PS 3 - Este post é dedicado aos namorados/as e aos encalhados/as, casados/as, divorciados/as e viúvos/as... (Estou hipomaníaco pelo facto de o Benfica ter ganho... não liguem...)

2007/02/11

Sondagem à boca das bocas...

É nosso entender, aqui neste berlogue, que a questão que está a ser colocada hoje aos portugueses parece-nos muito redutora. Deveria ser dado, no boletim de voto, espaço aos mesmos para dizerem de sua justiça, explicando as razões da sua opção...

Assim, decidimos fazer um vox populi, ou seja, uma sondagem à boca das bocas...
É de referir que, como o servidor dos berlogues está alojado nos Estados Unidos, não corremos o risco de ter nenhuma queixa junto da comissão nacional de eleições, porque estamos a divulgar o sentido de voto de alguns portugueses a mais de quinhentos metros de uma assembleia...

Assim, a pergunta que fizemos foi:
"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"

Obtivemos respostas bastante discrepantes, que nos permitem concluir que trinta por cento dos portugueses ainda acreditam que o Benfica irá ser campeão...

A.V. Fonseca, doméstica, 78 anos, Viseu:

"O que é que o sr. padre disse na missa? Ah, já sei! Não, porque quem botar sim vai parar aos infernos, vai ser queimado com óleo a ferver e vai ver toda a sua família amaldiçoada por Deus, Jesus Cristo, e pelos Santos todos até à 15ª geração..."


A. F. Fonseca, 25 anos, arrumador de carros, Lisboa:

"Sim, e já agora, porque é que não legalizam também a cánabes e os cogumelos que fazem ver elefantes cor de rosa... A coca não precisam, porque está muita cara e a malta não tem dinheiro... A vida tá difícil... Mas a culpa é do governo, que não dá subsídios prá heroína..."

A. V. Fonsecca, 35 anos, decoradora:

"Eu voto não... Da última vez que a minha filha fez um aborto, fui com ela a Badajoz... Ainda deu para comprar um casaco de peles super fashion, tá a ver?"

A.V. Fuente-seca, 32 anos, médico

"Yo vueto si, porque dicer si es mas sexy que dicer no... Tu me oubes decir oh si cariño... nunca me oubiste decir oh no cariño..."

A. P. Fonseca, 45 anos, quadro superior de um banco

"Blasfemo! Como ousa fazer essa pergunta? Só lhe irei responder de uma forma: Pai nosso que estais no céu..."

A. X. Fonseca, 43 anos, doméstica:

"É do anúncio do Tide? Já viu a cor das minhas cuecas? Branco mais branco não há... (Agora, quanto é que me pagam?)"

A. B. Fonseca, 53 anos, playboy no Algarve:

"Go tu de bitche, iú are véri uáite... Por acaso um gajo aqui não tem esse problema, porque as bifas quando vão prenhas vão abortar ao estrangeiro... Mas antes disso, arrotam com o Bê Eme Dabliú aqui para o je... É uma das razões pelas quais eu não gosto de portuguesas..."

2007/01/31

Oh não! Mais um post sobre o aborto...

Vamos chamar-lhe Carla.
Carla tinha 17 anos. Estava em pleno 12º ano.
Namorava com António. António tinha também 17 anos e estava a frequentar o mesmo ano. Ele e Carla eram colegas de turma. Ambos eram alunos brilhantes... e tinham eleito o curso de Medicina como meta a atingir...

Namoravam desde os quinze anos. Aos dezasseis, por comum acordo, iniciaram a vida sexual. O amor era intenso...

António e Carla utilizavam preservativo. Carla não tinha possibilidades de tomar a pílula. Além de ser algo cara para o seu bolso de estudante de ensino secundário, a personalidade controladora e as atitudes conservadoras da mãe, e o medo de assumir a sua própria sexualidade perante esta impediam-na de o fazer.

A pílula do dia seguinte não tinha ainda sido lançada no País.

Nunca houve, durante a utilização do preservativo, qualquer "incidente" que levasse a suspeitar da sua falência enquanto método contraceptivo.

No entanto, oito dias antes do exame de Biologia desse ano (decisivo para a entrada em Medicina), Carla notou que o período estava em atraso. Comunicou o facto a António, mas não o valorizou, atribuindo-o ao stresse dos exames... Afinal de contas, ela era uma pessoa muito ansiosa..


Contudo, passados alguns dias (duas semanas antes do exame de Química, também decisivo), começou a notar náuseas e vómitos, cada vez mais fortes, cada vez mais intensos.
A dúvida no espírito de Carla era cada vez mais forte: "Será que estou grávida? Não, não é possível..."

Pelo sim pelo não, Carla foi à urgência mais próxima. A médica que a atendeu observou-a e pediu-lhe várias análise, entre as quais um diagnóstico imunológico de gravidez (DIG).

Quando veio o resultado, a médica chamou-a ao gabinete. A senhora está grávida - disse, com ar sério...
Carla ficou lívida de pânico. Mal conseguiu contornar as restantes perguntas colocadas pela clínica. Esta, talvez pressionada pela chefia da urgência a ver o máximo de doentes num mínimo de tempo, tamém não insistiu... Se aquela jovem parva não queria responder àquilo que ela lhe perguntava, tanto melhor... Menos tempo gastava na consulta...

Carla não sabia o que fazer. A garganta tinha-se transformado num nó de marinheiro. O coração, de repente transformado num batuque, não parava de acelerar, tal como os seus pensamentos. À cabeça veio-lhe toda a sua existência até à data.

Os seus sonhos, os seus projectos, a sua vida... Tudo ruía, naquele instante, sobre si própria.

Quando chegou a casa, o seu primeiro impulso foi ligar para António. A voz entaramelava-se, enquanto as lágrimas lhe escorriam dos olhos, quatro a quatro dos seus olhos castanhos, gigantes, que tanto fascinavam o namorado...
As palavras saíam, necessitando para tal de um esforço hercúleo:

-Sabes, António? Acho que estou grávida!
- O quê? - António estava incrédulo. - Estás a brincar comigo?
- Sim, António, acho que estou mesmo grávida. O período está em falta. Estou cheia de vómitos... E fiz um teste de gravidez que dá positivo!
António explodiu:
- A culpa é toda tua! Eu bem te disse para começares a fazer a pílula. Tu e os teus medos idiotas... Tens medo de tudo: que a tua mãe te descubra, que a pílula te faça mal... - a voz de António, ainda que pelo telefone, soava a um misto de negação com raiva.
- António, eu amo-te muito... - retorquia Carla, entre soluços...
- Eu também te amo... Mas a culpa é toda tua... E eu não quero um filho agora... Eu quero entrar para medicina, caraças!
- Eu também quero entrar para a faculdade... O que fazemos?
- Não sei! Não faço a mínima ideia...
- Eu também não!
Falaram ainda durante cerca de quinze minutos... António culpava Carla pelo sucedido, e, apesar de a amar, mostrava-se um tanto irredutível nessa culpabilização. Combinaram que António rumaria a casa de Carla assim que possível.Acabaram por desligar.

Entretanto, Carla não reparara que a mãe, vinda do emprego, tinha entrado em casa e, ouvindo o choro da filha, se tinha aproximado...

- Carla, filha, o que foi? Zangaste-te com o António?
Confrontada com o choro e com a aflição, Carla não teve outro remédio senão contar tudo à mãe. Tinha assumido a sua sexualidade da pior maneira.

A reacção da mãe de Carla foi, de início, de incredulidade: a sua filha, a sua pequenina, que tantas vezes lhe servira de apoio e de esperança nos momentos difíceis, estava a crescer, e de forma brusca.

A resposta foi ponderada.

- Carla, o que é que tu queres fazer?
-Não sei... a minha cabeça está um caos...
-Queres ter o filho ou não?
-Não sei... Não sei de nada...

Carla, meio surpresa, sentia o coração aos pulos. A figura da mãe revelava, ao fim de quase dezoito anos de convivência, contornos completamente diferentes daqueles a que estava habituada.Todo aquele desenrolar de acontecimentos tinha-se tornado imprevisível... Já antevia o casamento, à pressa, os comentários dos convivas, o sermão da sua avó. Via-se a trabalhar que nem uma moura, num supermercado, tão longe da profissão com que sempre sonhara... Via-se a deslocar-se de casa para o trabalho e do trabalho para casa, a chegar ao fim de semana exausta...Tudo por causa de uma gravidez que, de momento, não desejava...

Entretanto, chegou António. Vinha vermelho que nem um tomate, numa mescla de reacção ao sucedido com o efeito do calor tórrido do Verão, que se fazia sentir na altura. Cumprimentou a mãe de Carla.

Esta repetiu a questão que havia colocado a Carla:
- E agora, meninos, o que é que fazemos? Querem ter a criança ou não? - disse.
-Eu... não queria... - gaguejou António.
E tu, Carla?
- Eu também não...

A mãe de Carla não perdeu tempo: telefonou a uma colega de trabalho cuja filha tinha passado pelo mesmo. Fez outro telefonema, rápido: perguntou as características do local e informou-se do preço.

-Vocês os dois apanhem um táxi e vão a esta morada. É a de uma clínica que faz interrupções de gravidez. Eu vou ter convosco daqui a uma hora... tenho umas coisas a tratar.

No caminho, Carla, cada vez mais cheia de vómitos, ainda teve de ouvir os gritos de António, visivelmente irritado com toda a situação...

A clínica foi impecável. À entrada, Carla fez uma ecografia. Foi confirmada a gestação. Estava grávida de sete semanas.
Depois, após a chegada da mãe, esta assinou um termo de responsabilidade, e foi registado que Carla teria tido um aborto espontâneo.
O médico que a atendeu colocou-lhe uns comprimidos no colo do útero, tendo-lhe depois, sob anestesia geral, feito uma curetagem uterina.

Cerca de doze horas depois, Carla saía da clínica, meio atordoada da anestesia e com alguma hemorragia residual.

Passados sete dias, estava a fazer o exame de Biologia. Obteve notas de acesso altas.
Três meses depois, estava a inscrever-se no curso com o qual sempre sonhara.

Alguns meses depois, acabava a relação com António, que já se tornava um martírio em virtude das discussões constantes.
Durante alguns anos, os olhos de Carla marejavam-se de lágrimas quando via crianças. Pensava que o seu filho poderia ter aquela idade. Mas tudo passou.

Actualmente, Carla é uma cirurgiã pediátrica de sucesso. Está a fazer uma pós-graduação nos Estados Unidos, país no qual vive com o actual namorado. Planeia, em breve, assim que a profissão o permitir, ter dois ou três filhos com o "homem da sua vida".

Enquanto médica, já salvou centenas de vidas que foram colocadas nas suas mãos.

Fala desta fase da sua vida com o olhar conformado de quem já passou o suficiente. No entanto, confessa que, por vezes, não deixa de pensar no que seria a mesma com um filho que não desejava nos braços...

2007/01/18

De partida...

Caros concidadãos

Estou de partida para uma curtissima estada de alguns dias na bifolândia... Depois faço o respectivo relatório...

2007/01/01

The (slow) rise of the phoenix...

Quem tem lido este berlogue já deve ter reparado que nos últimos tempos os posts não têm primado pelo número, nem pela jocosidade.

Há, de entre os meus auto-biógrafos não autorizados, alguns que se dedicaram a analisar o porquê desta situação. Enquanto uns alvitram que a culpa é da relação precoce com a mãe, outros há que me diagnosticaram uma doença bipolar tipo 5 e meio em viragem depressiva, e sem crítica para a situação.

Devo confessar que estes últimos meses não têm sido os melhores... O deteriorar de uma relação desde há algum tempo já instável e a passagem, em Novembro, de novo à condição de solteiro teve sobre a minha auto-estima pessoal o mesmo efeito discreto que o Furacão Katrina teve sobre New Orleans.
O pensamento de que devemos ser a única pessoa com mais de sete anos à face do planeta que parece não dominar nem querer dominar a arte da manigância é, no mínimo, incomodativo... (Uau... sou tão bonzinho... Quando for grande quero uma estátua... Não, não me importo que seja ao lado da do Marquês de Pombal... ele merece... :P)

Assumi a derrota pessoal, mas o último mês tem sido passado sob anestesia geral, quase em piloto automático...
No fim do mês de Dezembro, comecei a acordar do coma anestésico, a contabilizar o número de baixas...

Por isso, devem adivinhar que as últimas semanas não têm sido fáceis. Tenho estado com telha que dá para revestir e impermeabilizar metade do País... Daí que as festas não tenham sido as melhores...

Eu sei que há males piores... há relações de 30 anos com casamento, filhos menores e bens à mistura que se quebram no meio de um escândalo de faca e alguidar, por causa de uma galdéria (ou um galdério) com idade para ser quase neto de um dos cônjuges...
presépios de lata, há fome, há miséria, há guerra... Há ganância, há corrupção, há catástrofes ambientais e humanitárias... Há Misses Universo prontas para combater isto tudo...
Há o choque, há a tragédia, há o terror...

Mas (desculpem o egoísmo) a telha é minha! E há que combatê-la...
Há vários tipos de soluções/resoluções de ano novo que já me foram propostas:

1) Ouvir a colectânea inteira dos discursos do Fidel Castro

2) Colocar na telha as palavras "Meide ine Pórtugale", colar um galo de Barcelos e vendê-la como souvenir para os bifes que visitam o Algarve.

3) Fazer quarenta anos de psicoterapia dinâmica pura

4) Fazer a licenciatura em manigância e ciências aplicadas da Universidade da Amareleja.

5) Ler a lista telefónica de Lisboa Cidade de trás para a frente para pesquisar toda e qualquer mensagem oculta

6) Deixar crescer o bigode, aprender a arte do "Léte mi put a crime bicose iú are véri uáite" e... já adivinharam, não já?

7) Deixar crescer o bigode, treinar o sotaque do norte e tornar-me cantor pimba

8) Deixar crescer o bigode, treinar o inglês e tornar-me iraquiano.

9) Deixar crescer o bigode, mudar de sexo, e tornar-me numa atracção circense.

10) Deixar crescer o bigode, fazer voz de sabonete e entrar num concurso de sósias do António Sala.

11) Dejar crescer el biguede, arranhar el pórtunhol e abraçar la carrieiria de torerio en las arenias del Campio Pequieno e hacer las corriditas de la Erre Tê Pê...

12) Deixar crescer o bigode e... (Náaah esta só para vos enganar)

Seja qual for a solução (aceitam-se mais sugestões...) a minha resolução de ano novo é...
(falha na transmissão, devido a interferências das manchas solares e dos puns das vacas argentinas, que provocam efeito de estufa...)
... para que a música dos últimos dias se transforme noutra!

PS - Apesar de, na altura, me apetecer passar os últimos segundos de 2006 a dormir profundamente, fui desafiado para uma festa de amigos e colegas de profissão de alguém que não eu... E, devo dizer, não me arrependi nada de ter ido. Obrigado a todos os que possibilitaram isso...
PS 2 - Até conheci a pessoa que me anima as manhãs... na rádio! Hehe...
PS 3 - Mental note: Comprar Red Bull para ter em stock... :)