2005/03/27

Páscoa

Como qualquer Português que se preze, aproveitei a Páscoa para ir para fora, cá dentro...
Pesando bem a consciência, devo admitir que é um pouco mórbido, no mínimo, aproveitar o aniversário (que, à semelhança do discurso de certos políticos, muda todos os anos) da crucificação de Jesus Cristo, o Tal que não percebia nada de finanças nem consta que tivesse biblioteca, para ir laurear a pevide.

Antes de invocar quaisquer outros argumentos, vou só esclarecer qual é a minha perspectiva em relação à religião: como está muito em voga hoje em dia, posso dizer que tenho uma relação muito pessoal com Deus. (Não, não andei a ler livros da Alexandra Solnado...) e considero Jesus Cristo como um Mestre, que, como muitos outros Mestres, povoaram a face deste planeta... (Se ele é um extraterrestre, ou se ele é filho de Maria, ou se isso tudo é história, não faço a mínima ideia. O que posso dizer é que os ensinamentos que estão na Bíblia são fantásticos.)
Acredito que Ele (Deus) existe, tal como eu... Convém aqui dizer que, quando estou em baixo de forma psicológica, ponho muito em causa estes dois factos, mas acho que posso ser suficientemente diplomático comigo próprio (e com o Sam - leia-se, a neura...) para dizer que o que ponho em causa é apenas a forma de manifestação de uma ou outra entidade... Ou seja, às vezes, não tenho muito bem a certeza de que forma é que existo, se aqui e agora, se numa continuidade espácio-temporal... No entanto, isso são outras metafísicas...
Dizia eu que, tendo uma relação muito pessoal com Deus, é natural que rosne um pouco (errr... não, não estou com dúvidas existenciais sobre se sou um ser humano ou um cachorro...) quando qualquer Igreja ou confissão religiosa se tente intrometer entre mim e Deus, ou preconizando qualquer tipo de dogmas... Não sinto, igualmente, necessidade de manifestar essa relação com Deus, participando em quaisquer ritos... É uma posição pessoal, na qual não sou fundamentalista. Isto significa que, lá porque tenho esta posição, não ando por aí a destruír igrejas, e não crucifico (em sentido figurado, é claro) nem proscrevo ninguém porque não partilha da mesma escala axiológica do que eu...
Não me dou, igualmente, muito bem com o fundamentalismo, seja, aliás ele, de que género for (político - à esquerda ou à direita), religioso, clubístico... (Ser Benfiquistaaaaaaaa, é ter na ialma, a chama imensaaaaaaaaaaaa... Desculpem, apeteceu-me...)

A sério que eu não queria criticar a Páscoa... No entanto, quero pedir-vos não um, mas vários favores:
  • não me "obriguem" a comprar ovos e amêndoas de chocolate, coelhinhos da Páscoa e tudo o mais que sabe muito bem mas engorda que se farta, só porque é Páscoa... É que os coelhinhos, os ovos e as amêndoas, não têm absolutamente nada a ver com Jesus Cristo. Significam fertilidade, que é algo óptimo para o mundo ocidental, mas péssimo. em termos populacionais, para a espécie humana em geral, e para a família-tipo que tem onze filhos, pai alcoólico e mãe toxicodependente... (não, não vou fazer trocadilhos com mocitas jeitosas vestidas de "coelhinhas da páscoa"... :P)
  • por falar em comportamentos, como a contracepção, considerados "imorais" por certas correntes da nossa sociedade, poupem-me, nesta época, a certos sermões e a certos juízos de valor. Não se armem em "santinhos" ou em vítimas, esquecendo o vosso passado longínquo e recente... Fiquem lá com a vossa hóstia e a vossa comunhão, ou chamem-me o que quiserem, mas não me chateiem a cabeça, só porque eu tenho a minha escala de valores... e sou humano como qualquer ser humano... e como tal, susceptível de errar e, por conseguinte, de ter telhados de vidro...
  • não me mostrem mais imagens do Papa João Paulo II, num estado de fazer dó. Tenho de admitir que, a serem verdade as imagens que me mostram, ele é um mártir, sim, mas das cúpulas da própria Igreja Católica, que permitem que um ser humano naquele estado seja exposto ao público, como eram expostos os corpos das pessoas que eram crucificadas... Não mo mostrem como "um modelo a seguir pela Humanidade"... só porque ele diz e faz o que determinados senhores querem que ele diga ou faça...
  • poupem-me à nonagésima primeira repetição do Quo Vadis, ou a outros filmes com tipos em túnicas a gritar Ave César, ou qualquer coisa do género em Latim... ou em Inglês, porque pelos vistos, na Roma Antiga também se falava Inglês...
  • Cumprido isso tudo, tenham uma óptima Páscoa... e façam o favor de ser felizes :D

PS - Em anexo: algumas imagens do sítio onde fiz a minha pequena "travessia do deserto" ;)

Travessia do deserto...
Dá um mergulho sem olhar para trás...

2005/03/21

Os "fracos"

A incidência de depressão nos adolescentes está a aumentar no nosso país. Quem o diz é um estudo citado, há uns dias, por vários meios de comunicação social.

Sempre que se fala em depressão aqui em casa, ou em pessoas deprimidas, é inevitável que os representantes das gerações mais avançadas na idade se manifestem dizendo: "No meu tempo não havia nada destas coisas. As pessoas viviam todas felizes e contentes... Têm tudo o que precisam! Uns preguiçosos, uns fracos é o que eles são!!!" Se a pessoa em questão tiver umas ideias assim mais para o radical, ainda nos brinda com um "Isto é um reflexo do capitalismo, da riqueza, da ostentação." Se não for, ainda nos poderemos escapar com um "Isto é dinheiro a mais... Estão mal habituados..."

Talvez esses anciãos iluminados pessoas exagerem, talvez não... Mas o certo é que vivemos tristes e angustiados. Cada vez mais.

Talvez tenhamos mais condições materiais e geremos mais riqueza per capita do que há 100 anos. Todavia, a riqueza não se gera a partir do nada. Gera-se a partir do tempo e dedicação ao trabalho. Seria bom se pudéssemos, de repente, tal como se faz em certos jogos de computador, colocar um codigo de batota na Vida, e ganhar 200000 euros assim como quem não quer a coisa! (Há quem chame a isso Euromilhões...)

Talvez os nossos filhos (nossos, vírgula, que eu não sou pai ainda, nem acho que esteja preparado para o ser nos próximos tempos...) tenham mais brinquedos do que os seus avós, mais electrónica, mas computadores, mais playstations, mais nintendos, mais tudo, mas o certo é que, muitas vezes, têm os pais ausentes, ou pelo menos, não tão presentes como seria desejável, uma vez que há uma grande diferença entre ter um pai ou uma mãe com dedicação exclusiva ao filho ou à filha e um pai ou uma mãe que sai às seis da manhã de casa, está no banco onde trabalha até às sete da noite porque o colega do lado está até às seis e cinquenta e cinco (e se ele não estiver até às sete, depois logo se verá, quando chegar a hora de progredir na carreira, a quem é que toca... se o emprego não estiver já em risco!), chega às onze da noite a casa depois de ter apanhado três horas de fila porque dois tipos quaisquer decidiram enfeixar-se um no outro na segunda circular, de insultos, em que a mãe sai sempre mal vista, e cenas de civismo kamikaze à portuguesa no seu melhor... Que disposição é que este pai ou esta mãe tem para estar com os seus?

Mas, coitados dos pais... Talvez eles próprios se sintam deprimidos, porque não podem fazer melhor. Têm as prestações da casa, do (s) carro(s) - porque hoje o automóvel deixou de ser um objecto de luxo, ao contrário do que pensam, talvez, alguns dos nossos governantes -, de todos os electrodomésticos, das férias... Porque, à luz da visão presente, as pessoas não serão felizes nunca, nem terão qualquer estatuto social perante os outros, se não tiverem aquele carro de sonho, aquela casa naquele sítio, aquela TV de plasma, aquelas férias no Brasil (ou para quem se remediar melhor, no Algarve...) E depois, endividamo-nos até ao pescoço... E, como diz a música, "o fim do mês já cá está outra vez, e nós sempre a esticar..."
Mais: os pais devem, eles mesmos, sentir uma enorme responsabilidade, dado que têm de fazer vários papéis: pai ou mãe ideal (como já vimos), mulher (ou marido) ideal, amante ideal (Latin Lover...), empregado ideal, homem-de-carreira-qualquer-que-seja-ela ideal, colega ideal, amigo ideal, o corpo ideal... Querem que eu continue?! Para isso tudo, é necessário tempo. E as pessoas deixaram de ter tempo umas para as outras. (Contra mim falo...) Fazemos tudo a correr, e tendo em conta esses condicionalismos todos...

Vivemos numa sociedade que nos dá cada vez maiores condições físicas de vida, mas que é cada vez mais exigente...

Daí que haja muito boa gente que pura e simplesmente não aguente, e viva cada vez mais deprimida... Mais triste... Mais angustiada... É que, tal como nos demais, falta nessas pessoas, em maior ou menor escala, uma ou mais partes importantes da vida.

Não sei se estou bem ou se estou mal... no que toca a depressão. Há quem diga que estou com Saturno na casa 10, há quem diga que é preguiça, há quem diga que não estou bem... Eu, pura e simplesmente, não sei... porque neste segundo em que estou a escrever, não quero pensar nisso.

No entanto, garanto-vos que um dos meus maiores terrores é ter a sensação de que a Vida me está a passar ao lado. E isso sinto-o muitas vezes. O problema é que não faço nada para obviar essa situação...


Este post é dedicado:
  • A todos aqueles que, embora considerados como "fracos" pelos outros, são suficientemente fortes para viver mais um dia... apesar de si próprios... apesar de tudo.

  • A todos os que aturaram e/ou aturam as recusas ou maus feitios de alguém que tenta infrutiferamente "ser ideal"... e não dá conta nem do saco nem do atilho, e continuam a "puxar essa pessoa, apesar de tudo, para o Mundo... Ou seja, aos meus amigos - as pessoas que me deram o privilégio da sua companhia, e das quais eu tenho estado tão afastado...



    Curiosidade: A classe médica é a classe profissional que tem maior incidência de depressão na sociedade. Dentro destes, estão à cabeça os anestesistas e (pasme-se) os psiquiatras. Há uns anos, para prevenir essas situações no futuro (porque a prevenção se deve fazer desde cedo), a associação de estudantes da casa onde me formei tentou instalar, com o apoio do serviço de saúde mental, um gabinete de apoio psicológico ao estudante de medicina. A resposta de Sua Eminência, o Director da Faculdade, não se fez esperar: "Medicina não é um curso para fracos..." E esta, hein?


    PS: É muito fácil fazer o que eu fiz, que é pôr a culpa da depressão na sociedade, tal como o fazemos em relação à toxicodependência, ao alcoolismo, à criminalidade... Mas esquecemo-nos que a sociedade somos nós... Certo?


2005/03/15

O "bruxo"

Num serviço de internamento, a visita médica é uma reunião, de periodicidade semanal, em que o principal cabeça de cartaz é o Director de Serviço, que é secundado por todos os médicos pertencentes ao mesmo. Consiste na apresentação ao director de um resumo da história clínica do doente, e da sua evolução no internamento. Pode ou não ser feita "à cabeceira do doente" e pode ou não dar azo a discussões mais ou menos interessantes do ponto de vista pedagógico, pode facilitar o reacender ou não de picardias existentes entre os membros "séniores" da equipa médica, ou a que o Director de Serviço ou qualquer um dos médicos "séniores" utilize a visita médica como os patinadores que vemos na televisão utilizam o ringue de gelo: para se exibir.

No serviço onde eu estou colocado, a visita é muito pedagógica (até porque há sempre alunos a assistir) apesar de ter o inconveniente de atrasar de forma completa o trabalho programado para essa manhã. (De facto, começar a observar 15 doentes ao meio dia é completamente diferente de começar a observá-los às 9 da manhã...)
Outra característica é que é realizada à cabeceira do doente, obrigando os médicos a utilizar eufemismos para classificar algumas das respectivas patologias...
Por exemplo, se alguma vez estiverem internados nalgum serviço e ouvirem falar de "suspeita de lesão atípica", no que toca à vossa pessoa, saibam que é de uma suspeita de um tumor maligno que se trata...

Serve todo este paleio para falar sobre o que aconteceu na visita da passada 6ª feira. O Director costuma interpelar directamente os doentes, após ouvir o médico responsável.

Uma das doentes contou uma história muito interessante. Dirigiu-se, casualmente, a um homeopata para curar as alergias.Apesar das suas queixas inespecíficas de cansaço e dores nas costas, o homeopata, através da sua observação, disse-lhe que, de facto, tinha alergias, mas mandou-a fazer uma endoscopia digestiva alta, porque detectava algo no estômago.O que é facto, é que a senhora fez uma endoscopia digestiva alta e foi-lhe diagnosticado um tumor maligno do estômago, chamado adenocarcinoma gástrico, numa fase muito inicial, e portanto, susceptível de cura sem grandes sequelas.É de referir que a maior parte dos adenocarcinomas gástricos são diagnosticados já numa fase muito tardia (porque só tardiamente dão sintomas), o que se traduz numa reduzidíssima sobrevida dos doentes afectados. Por isso, posso dizer que a doente teve imensa sorte.Acho aqui pertinente salientar o menear de cabeça de desaprovação da maior parte da assistência quando se falou em homeopatia, e determinados comentários maldosos que surgiram: "Se calhar, além de homeopata, ele também era bruxo..." - dizia-se entre sorrisos.

Talvez ele fosse "bruxo", mas o certo é que diagnosticou algo que qualquer médico, sem dados laboratoriais ou outros sintomas, e mesmo seguindo o raciocínio clínico de forma irrepreensível, interpretaria como patologia osteo-articular, e medicasse de acordo com isso.

Talvez ele fosse "bruxo", mas agiu como um verdadeiro Médico, encaminhando o doente quando verificou que necessitava de um exame complementar de diagnóstico que caía fora da sua alçada.


Não me parece aceitável a atitude preconizada pelos meus colegas, tal como não me parece aceitável a atitude fundamentalista de muitos pretensos professores de medicinas "alternativa", que fazem lavagem cerebral aos alunos contra a medicina "convencional".Não se deve, como em tudo na vida, cair em bipolarizações ou fundamentalismos de qualquer espécie. Há bons e maus profissionais (ou até mesmo charlatões) em todo o lado.

O importante, para mim, não é o caminho que se toma, mas o atingimento do objectivo final. E o objectivo final é tratar o doente, com honestidade, de forma atempada e eficaz, com o mínimo de efeitos acessórios. Não me interessa que seja cirurgicamente, com fármacos, com xamãs, com homeopatia, com cânticos, com efeito placebo ou seja lá com o que for. Estou-me categoricamente nas tintas, desde que se trate o doente, friso, com honestidade, de forma atempada e eficaz, desde que ele se sinta bem e desde que se respeite um dos princípios defendidos por Hipócrates, e tão esquecidos pela sociedade em que vivemos: "Primum non nocere".
Já agora, outro factor importante é a relação médico-doente. É algo que não se ensina na faculdade, nem se aprende em livros, e que é um quebra-cabeças para gerir com eficácia, porque são necessários vários factores nem sempre atingíveis, a saber, entre muitos outros: a presença de condições de trabalho humanas e materiais óptimas, a ausência de tensões em ambos os intervenientes, a ausência de factores externos à relação que possam interferir, a saúde mental e física do médico...
A melhor relação "médico-doente" que vi em toda a minha vida, e que tomo como modelo, foi em duas pessoas, ex-aequo. A primeira, é meu "médico de família por adopção", e "empurrou-me" para o curso de medicina. A segunda pessoa é... homeopata. Ambos se tornaram, e considero, meus amigos.

Penso que ninguém (ou nenhuma classe) pode ser suficientemente arrogante a ponto de pensar que domina o processo de tratamento de um indivíduo, ou que sabe "tudo" sobre o ser humano, ou sobre a fisiologia e fisiopatologia humanas. Há muito que se desconhece, há muitas coisas que o Homem sabe de forma tradicional e empírica e temos de manter a mente aberta (não podemos fechar os olhos) em relação a isso.

Isto não significa, como é óbvio, que se acredite em palavreados pseudo-científicos sem quaisquer resultados práticos.

Contudo, quando há quaisquer pistas que apontem para resultados práticos, convém fazer estudos imparciais (e sublinho esta palavra) com critérios de inclusão e exclusão de acordo com a filosofia do tratamento em questão (por exemplo, na homeopatia e na medicina tradicional chinesa, as filosofias de diagnóstico são completamente diferentes da filosofia que orienta o diagnóstico médico), de forma a validar e a integrar a filosofia e métodos de diagnóstico e tratamento (como no caso do homeopata que remeteu a doente observada por si, segundo os preceitos homeopáticos, para métodos de diagnóstico e tratamento usados pela "nossa" medicina.)

Convém, igualmente, não nos esquecermos que, até há bem poucos anos, a medicina funcionou sem estudos duplamente cegos, sem conhecimento de mecanismos de acção, mas com resultados.
São esses resultados que podem e devem ser optimizados, se possível com abertura a(em colaboração com) outros profissionais, devidamente preparados na sua área, outros saberes e outras ciências.
Porque acredito que devemos estar todos do mesmo lado: do lado do doente.

2005/03/13

Dores de crescimento


Hoje tive uma enorme neura. Apeteceu-me fugir de tudo e de todos, inclusivé de mim próprio.
Não era bom, se pudessemos tirar umas férias de nós próprios de vez em quando? Das preocupações, das responsabilidades, do chefe que não pára de chatear, da porcaria do exame para o qual eu não estou minimamente preparado, e estou a anos luz dos colegas no estudo... (sobretudo isto, que me está a pôr pelos cabelos - o medo paralisa-me!)

Sim, hoje apeteceu-me fugir...
E o facto é que fugi.

Peguei nas pernas, e aproveitei o facto de, como já vem sendo hábito desde há uns vinte e cinco anos a esta parte, falhar a meia maratona de Lisboa, por mais um mero acaso do destino... e fui passear o Sam, que é como quem diz, passear a neura, até à zona anteriormente conhecida como Expo'98.
(Não lhe vou chamar Parque das Nações porque estar a dizer o nome todo é muito complicado, e referir-me apenas a "Parque" poderia trazer certas e determinadas associações à minha pessoa...)

Para alguns, a Expo é a zona mais "bimba" de Lisboa, comparável ao Marco Paulo, esse gigante da música erudita portuguesa, logo a seguir ao Tony Carreira.

A Expo ao Domingo tem as suas características. Algumas são boas, outras são más.

  • É frequentada pela malta mais "finesse", a melhor elite da Zona J, Vale de Chelas e arredores. Mas isso também podemos nós ver por muitos outros sítios de Lisboa. Felizmente para nós, os comuns mortais, que isso acontece, porque senão pudéssemos ir à Expo teríamos de comprar a "Caras" todas as semanas...
  • É passeio público de muitos seres humanos, no seu mais distinto traje domingueiro, ou seja, o fato de treino da loja dos trezentos, que parece adidas, mas não é adidas... (Mas para se quisermos ver muitos trajes domingueiros desses, basta ir a um centro comercial ao Domingo...)
  • É frequentada por inúmeros pares de namorados, que utilizam a Expo para procriar...
(Ohhh meus amigozzzz, procriar?!
Isto deve ser pelo facto de o Sam, o meu lado estupidamente romântico (ou romanticamente estúpido), se ter tornado, durante o dia de hoje, estupidamente neurótico (ou neuroticamente estúpido), e me ter feito a cabeça em água destilada...
Continuemos, mas com juizinho, porque hoje é dia do Senhor... :P)

A Expo é, ainda, frequentada por várias sub-espécies da espécie Homo Sapiens, ou não fosse a Expo conhecida por ser a zona mais poliglota de Lisboa.

Vi, por exemplo:
  • Vários grupos de espanhóis, a sub-espécie que está a invadir este país à beira mar plantado, com o seu característico linguajar a trezentos à hora, como se fossem apanhar o comboio, que por acaso até é perto...
  • Inúmeros portugueses e portuguesas a fingirem passear os filhos
  • Inúmeros portuguesinhos e portuguesinhas, em skates, em bicicletas, em patins, em carros movidos a bateria, em carros de bebé simples ou duplos, a passear os pais.
  • Dois chineses e uma chinesa, que, pela maneira como estavam vestidos, me puseram a adivinhar onde é que estaria o resto dos Turbo Rangers
  • Dois brasileiros, que apontado para um sítio qualquer, para o rio, diziam, com sotaque nordestino: "Pô, a gentxi até podji ver o peixi!"
  • Inúmeros pescadores, uma sub-espécie cada vez mais rara em Lisboa. Não sei que género de peixe é que eles pescam, mas não deve ter menos de três cabeças...
O que é certo é que hoje, na Expo, constatei que cresci: consegui passar pelo sítio onde eu e a pessoa a quem o post sobre o Closer é dedicado demos o nosso primeiro beijo. Estava, como nessa altura, a dar música latino-americana, tocada talvez pela mesma banda. Como por essa altura já tinha conseguido atirar o Sam ao rio, porque ele já me estava a infernizar a paciência, consegui não ficar em estado catatónico, não chorar que nem um coro de Madalenas abandonadas("porque um homem também chora, porque assim tem de ser"...) , e nem sequer ficar triste.
Sorri e continuei o meu caminho, cabelos ao vento, revivendo o teenager "inconciente" que há dentro de nós...
O que é certo é que hoje, na Expo, do rio, consegui ver um pôr do sol magnífico sobre a cidade de Lisboa.
O que é certo é que hoje, na Expo, a neura passou. Talvez não passe de mais um episódio dor de crescimento...
Não estudei nada (Habitantes do Pulo do Lobo, preparem-se, aqui vou eu!) mas a fuga, ao menos uma vez, valeu a pena.

2005/03/09

Consultório - Os choques

Hoje, em mais uma edição do nosso Consultório, responderemos a mais uma pergunta de um dos nossos leitores, tão comuns neste tempo de dúvidas existenciais...

Caro Aisse Ti
Tenho ouvido, com estes ouvidos que a Terra há de comer, falar muito sobre choque tecnológico.
O que é o choque tecnológico? E já agora, o que é o choque fiscal? Será que as companhias de seguros cobrem isso tudo?
Almerindo Fonseca - Pulo do Lobo - Agricultor


Caro senhor:
O choque tecnológico é algo de extremamente simples e fácil de fazer.
Basta seguir os seguintes passos:
  1. Pegue num computador pessoal (não importa ser um portátil ou um computador de secretária. Basta ter tudo a começar pelo prefixo Giga, e custar mais do que os próprios olhos da cara)
  2. Dirija-se ao seu escritório, ou ao de um conhecido seu, que tenha um computador central daqueles que são capazes de pôr os olhos em bico a qualquer japonês que se preze, e que custe os tais olhos da cara, elevado a trezentos e quarenta.
  3. Utilize o seu computador (o que custou os olhos da cara) como arma de arremesso, tendo como alvo o tal computador central que custou uma quantia obscena, capaz de fazer corar qualquer economista menos bem comportado. Destrua-o completamente.

É pronto, está feito o choque tecnológico. Não se preocupe com as ameaças do seu patrão (ou do patrão do vizinho) após a destruição do computador central. Há pessoas que, pura e simplesmente, nunca compreenderão os avanços da ciência...

Não se deve confundir choque tecnológico com choque fiscal. O choque fiscal também é muito simples de fazer:

Entre pela Repartição de Finanças do seu concelho de residência adentro. Poderá fazê-lo com a mesma convicção com que o Jorge Costa ceifa as pernas dos adversários, mas tal poderá revelar-se algo difícil. (Para treino, poderá tentar entrar na Base da Nato de Oeiras munido apenas de uma fisga e de uma tanga sensual...)

Em alternativa, poderá fazê-lo de forma mais sub-reptícia.

  1. Procure um pretexto. Entregar a declaração do I Erre Esse serve perfeitamente.
  2. Diga ao funcionário, da forma mais escandalosa possível, ignorando a eventual simpatia com que ele o atenda: "Querias o IRS, não querias? Então toma!"
  3. Faça uma placagem (e aí sim, pode utilizar as tácticas do Jorge Costa) ao funcionário.
  4. Não se preocupe com as ameaças do funcionário. Pura e simplesmente, há pessoas que, como já se disse, nunca compreenderão os avanços da ciência.

Há uma variante de conciliação destes dois tipos de choques: o choque tecnologico-fiscal. Consiste apenas em dar com o seu computador portátil na cabeça do tal funcionário das finanças.

Há, no entanto, que fazer uma advertência: qualquer um dos choques acima referidos pode ter consequências - uma delas é o choque policial, que implica que vários agentes da autoridade o façam participar num bailado muito interessante, que mete bastões e algemas.

Em consequência desse bailado, pode cair e magoar-se, inadvertidamente, sem que ninguém lhe tenha tocado, como acontece a muito boa gente que dele faz parte.

Nesse caso, terá o chamado choque da saúde, em que aguardará pacientemente numa qualquer urgência hospitalar perto de si (onde visitará a exposição permanente das mais variadas espécies de virus e bactérias, algumas destas últimas multi-resistentes), até que alguém o pique, o espicace e o torne a espicaçar, a seu bel-prazer, com um fio tipo atacador de sapato, com uma agulha de tricot na ponta.

E o seu dia, sem dúvida, não será melhor...

Mais informo que, em relação às companhias de seguros, têm obrigação de cobrir. Se eles começarem com falinhas mansas e aflorarem sequer a hipótese de não cobrirem, utilize uma variante dos choques supra-citados como argumentação para que as mesmas o cubram.

O signatário do berlogue adverte que a prática de qualquer das condutas acima discriminadas poderá ter graves consequências, quer para o seu estado de completo bem estar físico, mental e social e não apenas a ausência de enfermidade ou doença, quer para a sua própria saúde mesmo...

Mais adverte que a prática destes actos poderá causar impotência, filhos tricéfalos (ou parecidos com o carteiro) e súbita atracção por homens (ou mulheres) de bigode.

Não recomenda, nem fomenta, o uso de quaisquer acções de protesto nem de violência contra funcionários seja de que serviço forem.

Resumindo e concluindo: Não faça isto, nem em casa, nem em sítio nenhum.

2005/03/07

"O senhor é um charme"

A senhora tinha oitenta e oito anos e tinha sido trazida pelo INEM. Vivia sozinha, porque parte da família, talvez em busca de uma vida melhor, tinha atravessado o oceano para ir viver para a América... A outra parte vivia fora de Lisboa, longe da vista e talvez longe do coração...
Os vizinhos, habituados à sua presença nas redondezas, estranharam a sua falta por mais do que um dia. Bateram à porta por algum tempo, e como a senhora não respondia, partiram uma janela e entraram no apartamento.
(Ainda bem que de vez em quando se partem janelas por bons motivos.)
Foram dar com a senhora caída no chão, ligaram o 112, e foi assim que ela foi parar à urgência daquele hospital.
Tinha, segundo dizia, tido uma tontura e caído para o chão, pelo que foi triada para a medicina interna. Tinha, em consequência, feito um traumatismo da região frontal, à esquerda e à direita. (Traduzido para português de Portugal: tinha batido com a testa- e viva os "cromos da medicina" :P)

Por vezes, em caso de traumatismos da cabeça, é pedido o parecer à equipa de cirurgia. Eu estou a fazer, presentemente estágio desta especialidade, e estava de serviço. Como o "banco" estava a ser pouco movimentado, decidi entrar em campo, mesmo sem para tal ter sido formalmente solicitado, antecipando-me assim ao pedido da equipa de medicina, para dar o parecer da cirurgia.
Pedi autorização à colega de medicina, que estava atafulhada em fichas até ao pescoço, e que viu de bom grado a minha intromissão nos seus domínios: adiantaria, decerto, a alta.

Vi o sítio onde tinha batido com a cabeça. Estava tudo bem do ponto de vista cirúrgico. Não havia qualquer sinal de ferida que necessitasse de sutura. Apenas umas equimoses bastante pronunciadas. (Ou, em português daqui do sítio, umas "nódoas negras grandes como o raio")

Fiz-lhe o exame neurológico sumário que se faz aos doentes com traumatismo da cabeça. Estava tudo óptimo.
Expliquei-lhe com um sorriso que, do ponto de vista cirúrgico, não havia qualquer problema.Disse-lhe que seria vista pela colega de Medicina Interna, para que esta lhe desse a devida orientação do ponto de vista cardiológico (para a consulta, por exemplo, após excluir que não havia nada que inspirasse cuidados imediatos.), orientação essa que eu não poderia dar, por mais que quisesse.

- O senhor é um charme! - disse a senhora, com indubitável ternura, após a explicação.

- Desculpe?! - retorqui eu, mais do que surpreso com a tirada repentina.

- Em oitenta e oito anos de vida, nunca vi um jovem com tanto charme!!!

Não consegui esconder o sorriso embevecido que surgiu na minha face.
Tamanho elogio deixou-me meio atrapalhado, mesmo dando o devido desconto pelo facto de a senhora ter batido com a cabeça uns dias antes (vim eu a saber depois, falando com o maqueiro que a trouxe... facto que per si lhe retirava a indicação para ser por mim observada.)

Foi, por isso, com o mesmo sorriso atrapalhado, lhe agradeci o elogio, enquanto "estacionava" a sua cadeira de rodas, a fim de ser observada pela colega.

Fui a sorrir para a sala dos médicos, e sorri o resto do dia todo, mesmo estando fisica e psicologicamente cansado (quando estou cansado, por vezes fico com o mau feitio...)

Não sei o desenlace da história, infelizmente, no que à senhora respeita. Mas uma coisa é certa: nos instantes em que os caminhos daquela senhora se cruzaram com os meus, ganhei muito mais do que aquilo que o hospital me paga no fim do mês pelo "banco"...

PS - Só uma nota, para quem não sabe o que é medicina interna: os internistas são os verdadeiros "sinhôres" dos hospitais. Sabem, por exemplo, sobre doença cardíaca, por vezes, mais do que qualquer cardiologista que se preze... É uma das especialidades mais completas da profissão médica, mas, infelizmente, também uma das mais mal tratadas...

2005/03/03

Roletas Russas

Como escrevi há alguns posts atrás, vou, em Junho, ter um exame que vai decidir o que vou fazer nos próximos quarenta ou cinquenta anos... ou seja, vou, perante uma ordem determinada pelo tal exame, escolher uma especialidade, que pode ser qualquer uma... desde a Clínica Geral (sim, é uma especialidade, ao contrário do que muita gente pensa) até à Pediatria...

Ora acontece que, neste momento, não faço a mínima ideia daquilo que vou escolher, e, simultaneamente, não faço a mínima ideia sobre aquilo para que me sinto mais talhado. Ou seja, se por um acaso qualquer do destino, tirasse cem por cento no exame, não faria a mínima ideia sobre o que haveria de escolher... Como tirar cem por cento no exame é um pouco mais difícil do que acertar com os números do EuroMilhões, ganhar o primeiro prémio da Lotaria e acertar no Totobola sem jogar, as coisas complicam-se... Aliás, a semelhança entre o exame e o totobola é notória. A única diferença é que o Totobola não exige tanta preparação, e sou, dentro da minha ignorância, capaz de perceber um pouco mais de futebol do que da matéria que é perguntada...

Esta indecisão crónica faz-me lembrar o meu percurso escolar. Quando saí do nono ano, tinha bem claro na cabeça aquilo que queria fazer: Agrupamento Um - Cîências! Sempre tive uma curiosidade natural por tudo, sobretudo por o que envolvia mecanismos... No entanto, sempre tive uma preguiça enorme para fazer - leia-se, construir - tudo o que envolvesse "engenhocas". (Dizem os entendidos que é a lua em carneiro que me condiciona essa preguiça toda)
Por exemplo, sempre adorei trabalhar com gadgets - sempre que ia um aparelho electrónico qualquer novo lá para casa, não descansava enquanto não soubesse todas as funções daquilo e mais alguma... (Há uma amiga minha que utilizaria a palavra "nerd", e acho que aqui o sentido é perfeito...)

Como é que uma pessoa com este perfil envereda por medicina? A questão é algo fácil de responder... Lembram-se do "Era uma vez a vida"?
Sempre fui viciado nessa série... Sempre imaginei, por exemplo, os linfocitos B como naves tipo espacial que libertavam uns objectozinhos simpáticos com bigodes e nariz comprido.
Sempre imaginei as bactérias com um cabelo à punk e um nariz que faria inveja ao Gonzo, não o que canta, mas o dos Marretas... (The Muppets, para os que tiraram o curso de pseudointelectual...) ou os macrófagos como maquinas aspiradoras, de fazer inveja aos melhores que são publicitados por aí na TV
Ou os impulsos eléctricos que percorrem os neurónios, como uns tipos todos azuis com um penteado esquisito, mais velozes que uma bala...
Sempre imaginei, em suma, o corpo humano como uma gigantesca máquina, funcional, biológica, viva.
Os medicamentos, para mim, eram o meio de o próprio ser humano operar nessa máquina.
Por isso, a partir de dada altura, tal como os "gadgets", os medicamentos eram para mim simples e fáceis, nomeadamente no que toca ao mecanismo de acção e aos efeitos adversos.

No décimo-primeiro ano chegou a decisão difícil. O que fazer? Tinha, quanto a mim, duas alternativas: ou ia para uma carreira relacionada com engenharias - indubitavelmente engenharia de informática, ou ia para uma carreira que envolvesse ciências da vida.

Ora acontece que no décimo-primeiro ano andei um pouco deprimido. Para não bastar, apanhei uma disciplina de informática - introdução às tecnologias da informação II - que tinha algoritmia. Algoritmos são fulcrais em ciências informáticas - qualquer programador que se preze tem de os saber construir, no papel, antes de passar para o computador. A minha programação até à altura era um bocadinho "anárquica". Fazia os programas directamente no computador, ao correr dos dedos, que é como quem diz, ao correr da pena.
Eu não achava piada nenhuma àquilo. Daí que, quando me era perguntado se era aquilo que eu queria fazer na vida, eu respondia categoricamente que não.

Como até achava uma certa piada à investigação científica e aos medicamentos, decidi ir para as ciências da vida - Biologia e Química.

Em pleno décimo-segundo ano, a três meses da candidatura à faculdade, não sabia o que fazer. Pensava em medicina ou em farmácia, mais na vertente de investigação científica.

Pelo sim, pelo não, aconselharam-me a fazer os pré-requisitos para medicina. Naquela altura (não sei se ainda são) os pré-requisitos para medicina constavam de um atestado em que se dizia que eu não tinha quaisquer doenças que fossem obstáculo à comunicação interpessoal. Um formalismo interessante...

Nesse contexto, pedi ao médico que segue a minha família, e que é nosso médico de família por "adopção" que me passasse o atestado, e tive uma conversa com ele. Nessa conversa, que, para desespero das recepcionistas do consultório, que queriam "fechar a loja", durou uma infinidade de tempo, falámos sobre a profissão médica, sobre o que é que um médico fazia no dia-a-dia, e sobre as matérias que eram leccionadas durante o curso. Foi essa conversa que mudou o rumo da minha vida. Essa conversa e aquilo que me transmitiu, não verbalmente, sobre a sua forma de estar na vida, sobre a sua descontracção com os doentes, e sobre a relação médico-doente. Passei a querer medicina, ainda bastante inclinado para a vertente investigacional.

Depois, vieram os exames nacionais. Entrei para a faculdade.
Comecei a ter contacto com o ser humano e, sobretudo, com o ser humano que sofre (será que não somos todos nós seres humanos que sofremos?!). Comecei a apaixonar-me pela vertente clínica, e a pôr de parte a investigação.

Ao longo do curso, a minha visão da biologia humana mudou significativamente. Já não a vejo de forma tão romântica. Já não imagino naves espaciais nem homenzinhos de azul.

Para mim, o corpo humano já não é apenas "uma máquina", que se sabe integralmente como funciona.
Pensa, sente, age por si, e, no estado da arte actual, desconhece-se muito do seu funcionamento.

Isto tem implicações do ponto de vista terapêutico. Por exemplo, se eu der um determinado antidepressivo a um doente... (Não me apetece dizer marcas, mas começa em P, tem seis letras e acaba em C), eu sei lá como é que o medicamento vai actuar! Há, de facto, estudos feitos em ratinhos, que dizem que o medicamento, quando neles administrado, aumenta os níveis de serotonina, através do bloqueio da recaptação deste neurotransmissor... Mas não haverá acções a outros níveis? Ou interacções medicamentosas? Ou com a situação do próprio doente? Será que quando dou um medicamento, seja ele qual for, eu não estou a jogar à "roleta russa"?

É por isso que, à medida que me embrenho mais na carreira, me sinto cada vez mais ignorante. E, às vezes, penso quão mais fácil seria se não tivéssemos todos as navezinhas espaciais a lutar contra as bactérias do cabelo à "punk", com os homenzinhos de azul a modularem a coisa, enquanto os aspiradores aspiravam mortos e feridos do campo de batalha... E a complexidade do ser humano acabasse por aí... sem os algoritmos (lá estão eles, sempre a perseguir) complicados de diagnóstico e terapêutica, e listas intermináveis de doenças, e de percentagens, e de mutações, e de marcadores, e de sei lá o quê, que me obrigam a decorar para o exame.

Não será aquilo que chamamos de Vida uma sucessão de roletas russas?! (E aí está a frase pseudo-intelectual do dia! E viva o pacote das batatas fritas! E, já agora, viva Timor Lorosae!)

PS 1 - Já agora, companheiros de Harrison's - que eu ainda não atirei pela janela, mas estou quase a atirar - por acaso ninguém por aí sabe os números do EuroMilhões?!

PS 2- Obrigado aos que, apesar da minha relutância, me fazem lembrar que, como dizia um colega mais velho em comentário a um post, há vida para além do Harrison's... E sim, isto inclui um obrigado muito especial a vós, os que continuam a ler e a comentar, pacientemente, estes meus devaneios...