2004/09/01

Aquele filme... (ou talvez o dia em que eu descobri que não sou um pós-adolescente)

Mais uma confissão...

...e antes disso, um aparte: começo a pensar seriamente que este berlogue devia chamar-se confissões de pós-adolescente... Acho que não o conseguiria ver representado por actores pós-adolescentes de 30 e tal anos (se os "adolescentes" actuais têm vinte e muitos...), de lábios cerrados e a dizer "ya, man, tá-se bem, sou bué baldas, tás a ver?" - porque o estereótipo que se faz da minha geração ainda fala assim...
... se bem que eu também não seja exactamente um pós-adolescente... mas a definição de pós adolescente também pode ir desde a idade em que supostamente começamos a ter "juízo"...
... er....
...er... pronto, ok... eu não sou um pós-adolescente...

Vamos à confissão, então?!

A confissão é a seguinte... Esperava que aquele filme fosse um pouco para intelectual... tal como este berlogue... e os Morangos com Açucar, claro...

De facto, à primeira vista, as minhas suspeitas confirmaram-se... Vi uma vasta multidão de 6 pessoas na sala, algumas sozinhas, outras acompanhadas; algumas com ar de irem comentar a seguir, enquanto puxam do cachimbo... "Pois, isto é a Hermenêutica da Propedêutica..."; outras com ar de quem vai, logo a seguir, para uma manifestação de legalização seja lá daquilo que for... A sala parecia ressuscitada dos anos 80, do tempo em que Kilas era de facto o mau da fita, que aterrorizava toda a gente incluindo uma tal de Rita, que adorava pôr-se em guarda (seja lá o que isso fosse...)

... Mas as minhas primeiras suspeitas, tal como muitas suspeitas infundadas, estavam erradas. De facto, assisti a um filme assombroso. Visionei uma metáfora da vida humana, que tinha como título Primavera, Verão, Outono, Inverno e... Primavera.
Falava da história de um homem, que no caso era um monge budista, mas podia ser outro homem qualquer... Católico, Protestante, Islamista, Hindu, ou de qualquer religião... Falava do Amor, do condicional e do incondicional, de paixão, luxúria, de morte e de Vida, falava de uma caminhada (porque o mais importante não é o chegar ao cume, mas o caminho)...

Ensinou-me (recordou-me?) várias coisas:

Ensinou-me (recordou-me) que para quando amamos alguém, precisamos de a saber deixar no momento certo, porque de quem nós gostamos pode haver também quem goste...

Ensinou-me (recordou-me) que por mais tortuoso que seja o caminho, há oportunidades algures para tomar o caminho certo, desde que tenhamos a coragem de deixar de nos enganar a nós próprios e de fazer o possível por corrigir os nossos erros o mais depressa possível...

Ensinou-me (recordou-me) que por mais chuvoso e escuro que seja o Inverno, por mais pesada que seja o peso que carreguemos no nosso coração, há sempre uma Primavera, onde nos sentiremos outra vez leves, outra vez livres...

... porque na vida há uma Primavera, um Verão, um Outono, um Inverno, e novamente uma Primavera.

(E digam lá que isto não foi pseudo-intelectual?!?!?! Daqui a pouco estou a dar umas fumaças no belo do cachimbo... É a Hermenêutica da Propedêutica!!)

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