2005/02/01

Onde é que eu já ouvi isto?!

Um dos factos que hoje me alegrou o dia foi descobrir que tenho algo em comum com o novo presidente do Millenium BCP.

Não, não decidi tirar o curso de direito, e doutorar-me em História do Direito pela Complutense de Madrid; igualmente, não creio que tenha passado pela minha cabeça tornar-me militante do Partido Social Democrata; tão pouco decidi tornar mais fundamentalista o meu discurso religioso e adoptar as posições preconizadas pelo detentor do mais rápido processo de canonização de toda a história da Igreja Católica...

Aquilo que descobri foi que, àparte as nossas divergências ideológicas, esse ilustre businessman da nossa praça compartilha comigo o facto de ser apreciador de dois compositores minimalistas com nome de detergente: Wim Mertens e Philip Glass. Só isso... (nem sequer o Porsche... :P)

E o que é que é preciso para fazer música minimalista?
Pega-se num tema qualquer (por exemplo, a parte inicial das "Pombinhas da Cat'rina") e repete-se o tema até que o espectador nos implore que já não o pode ouvir mais... Quando a plateia já estiverem com um gigantesco ataque colectivo de histeria, junta-se, em sequência, alguns acordes...

Faz-se isto várias vezes e zás... temos um tema minimalista!

A própria música pimba, por esta definição, é minimalista.
No entanto, a música pimba tem um pequeno pormenor que a distingue: em vez do tal acorde dissonante, tem uma letra. E, neste caso, o objectivo é ter o maior número de palavras possíveis a rimar com alho (ou a insinuar qualquer coisa que rime com isso), conseguindo a magnífica proeza de não dizer qualquer palavrão... (porque a censura anda aí - como dizia um cronista que eu li outro dia, - sob a forma de autocensura.)


Pimbalhadas à parte, independentemente de o processo de realização, o que interessa é que os cavalheiros que mencionei sabem fazer muito bem aquilo a que se dedicam...
Sabem fazê-lo tão bem que encantam plateias... sem ataques colectivos de histeria... sem alhos nem bugalhos.

E, pimbalhadas à parte, será que a própria história do ser humano não é um tema minimalista?
Só para dar alguns exemplos, aqui ficam três frases...

"Os adolescentes amam o luxo, têm maus modos, desprezam a autoridade, passam o tempo vagando nas praças e tiranizam seus mestres"
Sócrates
(PS - não sei se ele defendia a co-incineração ou não...)

"As razões que os governos dão para as guerras são sempre telas, atrás das quais, ficam escondidos motivos e razões completamente diferentes."
Conde Leon Nikolaievitch Tolstoi

"Nas revoluções há dois gêneros de pessoas: as que fazem e as que as aproveitam."
Napoleão Bonaparte

Será que a História, a Filosofia, a Psicolgia, não nos ensinam muito, sobre nós próprios, sobre os outros, sobre a sociedade em que vivemos?!
Talvez ensine... porque talvez tudo o que vivemos no momento actual não passe de parte de uma peça minimalista... uma variação incansável do mesmo tema sobre outros contextos harmónicos... Como diria um certo personagem do Contra-Informação... "É a vida..."

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