Pesando bem a consciência, devo admitir que é um pouco mórbido, no mínimo, aproveitar o aniversário (que, à semelhança do discurso de certos políticos, muda todos os anos) da crucificação de Jesus Cristo, o Tal que não percebia nada de finanças nem consta que tivesse biblioteca, para ir laurear a pevide.
Antes de invocar quaisquer outros argumentos, vou só esclarecer qual é a minha perspectiva em relação à religião: como está muito em voga hoje em dia, posso dizer que tenho uma relação muito pessoal com Deus. (Não, não andei a ler livros da Alexandra Solnado...) e considero Jesus Cristo como um Mestre, que, como muitos outros Mestres, povoaram a face deste planeta... (Se ele é um extraterrestre, ou se ele é filho de Maria, ou se isso tudo é história, não faço a mínima ideia. O que posso dizer é que os ensinamentos que estão na Bíblia são fantásticos.)
Acredito que Ele (Deus) existe, tal como eu... Convém aqui dizer que, quando estou em baixo de forma psicológica, ponho muito em causa estes dois factos, mas acho que posso ser suficientemente diplomático comigo próprio (e com o Sam - leia-se, a neura...) para dizer que o que ponho em causa é apenas a forma de manifestação de uma ou outra entidade... Ou seja, às vezes, não tenho muito bem a certeza de que forma é que existo, se aqui e agora, se numa continuidade espácio-temporal... No entanto, isso são outras metafísicas...
Dizia eu que, tendo uma relação muito pessoal com Deus, é natural que rosne um pouco (errr... não, não estou com dúvidas existenciais sobre se sou um ser humano ou um cachorro...) quando qualquer Igreja ou confissão religiosa se tente intrometer entre mim e Deus, ou preconizando qualquer tipo de dogmas... Não sinto, igualmente, necessidade de manifestar essa relação com Deus, participando em quaisquer ritos... É uma posição pessoal, na qual não sou fundamentalista. Isto significa que, lá porque tenho esta posição, não ando por aí a destruír igrejas, e não crucifico (em sentido figurado, é claro) nem proscrevo ninguém porque não partilha da mesma escala axiológica do que eu...
Não me dou, igualmente, muito bem com o fundamentalismo, seja, aliás ele, de que género for (político - à esquerda ou à direita), religioso, clubístico... (Ser Benfiquistaaaaaaaa, é ter na ialma, a chama imensaaaaaaaaaaaa... Desculpem, apeteceu-me...)
A sério que eu não queria criticar a Páscoa... No entanto, quero pedir-vos não um, mas vários favores:
- não me "obriguem" a comprar ovos e amêndoas de chocolate, coelhinhos da Páscoa e tudo o mais que sabe muito bem mas engorda que se farta, só porque é Páscoa... É que os coelhinhos, os ovos e as amêndoas, não têm absolutamente nada a ver com Jesus Cristo. Significam fertilidade, que é algo óptimo para o mundo ocidental, mas péssimo. em termos populacionais, para a espécie humana em geral, e para a família-tipo que tem onze filhos, pai alcoólico e mãe toxicodependente... (não, não vou fazer trocadilhos com mocitas jeitosas vestidas de "coelhinhas da páscoa"... :P)
- por falar em comportamentos, como a contracepção, considerados "imorais" por certas correntes da nossa sociedade, poupem-me, nesta época, a certos sermões e a certos juízos de valor. Não se armem em "santinhos" ou em vítimas, esquecendo o vosso passado longínquo e recente... Fiquem lá com a vossa hóstia e a vossa comunhão, ou chamem-me o que quiserem, mas não me chateiem a cabeça, só porque eu tenho a minha escala de valores... e sou humano como qualquer ser humano... e como tal, susceptível de errar e, por conseguinte, de ter telhados de vidro...
- não me mostrem mais imagens do Papa João Paulo II, num estado de fazer dó. Tenho de admitir que, a serem verdade as imagens que me mostram, ele é um mártir, sim, mas das cúpulas da própria Igreja Católica, que permitem que um ser humano naquele estado seja exposto ao público, como eram expostos os corpos das pessoas que eram crucificadas... Não mo mostrem como "um modelo a seguir pela Humanidade"... só porque ele diz e faz o que determinados senhores querem que ele diga ou faça...
- poupem-me à nonagésima primeira repetição do Quo Vadis, ou a outros filmes com tipos em túnicas a gritar Ave César, ou qualquer coisa do género em Latim... ou em Inglês, porque pelos vistos, na Roma Antiga também se falava Inglês...
- Cumprido isso tudo, tenham uma óptima Páscoa... e façam o favor de ser felizes :D
PS - Em anexo: algumas imagens do sítio onde fiz a minha pequena "travessia do deserto" ;)
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