2005/05/07

(Un)Closer

Um dia, decidi escrever um post porque deixei de acreditar no Mundo, nos seres humanos, na verdade e na sinceridade acima de tudo.

Esse post era dedicado à S., uma pessoa que foi muito importante na minha actual existência terrena (apeteceu-me usar um eufemismo do "new age" para vida...)
Foi o meu primeiro amor "a sério". Na altura, o meu assistente de Pediatria, o dr. Gonçalo (ainda hoje considero os médicos daquele serviço como meus amigos...) dizia: "Senhor L. (ele tratava os alunos todos assim...), a Primavera para si começou mais tarde!..." (estávamos em meados de Junho...)
No entanto, a Primavera acabou uns meses depois. Os nossos caminhos acabaram por divergir, a tal existência terrena acabou por seguir o seu curso inexorável. E eu deixei de acreditar...

Não obstante esse facto, o Dr. Gonçalo, sempre que me encontrava nos corredores da faculdade (ou depois, quando estagiei no mesmo serviço), perguntava-me:
"Então Sr. L, essa Primavera, como está?"

O certo é que a Primavera, dr. Gonçalo, saltou o Verão e o Outono, e tornou-se num Inverno árido mas sombrio, e, depois de visualizar aquele filme, talvez num paroxismo de ambivalência, desatei a escrever.

O facto é que o momento mais escuro da noite é aquele imediatamente antes do nascer do sol e, por ironia, consequência directa desse post, encontrei a G....
A G. é alguém que contraria exactamente tudo o que nesse post é retratado ; alguém que me faz querer retirar o "estupidamente" à expressão "estupidamente romântico"; alguém que me faz rir ou chorar como só ela sabe; alguém que me faz querer ressuscitar o Sam, tirá-lo do rio, fazer-lhe reanimação cardio-respiratória, dar-lhe um piano para tocar e tirar-lhe a neura; alguém que não é comparável a ninguém, porque é única...

Apesar de continuarmos amigos, neste momento não sei o que aconteceu à S. em termos afectivos... algo me diz que está feliz, seja com quem for... E eu... também estou!...

Mesmo tendo como dado adquirido que nunca esquecerei a S. como pessoa, tal como todas as pessoas que deixam marcas, mais ou menos profundas, na nossa existência, o que é certo é que a G. começa a fazer-me acreditar novamente. Talvez qualquer amor que se preze seja, como diz, "como o primeiro"...E talvez me comece a fazer-me identificar, de novo, com algo que o Dr. Gonçalo me escreveu, num qualquer dia depois da Primavera, numa fita amarela com o emblema da faculdade:

"De olhar esbugalhado
Enquanto a história pondera
Pensamento noutro lado
Onde é sempre Primavera!..."


(Eu sei que não gostas que se agradeça, mas... obrigado, G...)